Teatro/Artes Performativas
Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas
uma criação de Joana Craveiro | Teatro do Vestido
Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas, uma criação de Joana Craveiro | Teatro do Vestido
Uma criação memorial e monumental que atravessa 90 anos de História do país
Teatro | Dom, 23 jun | 16h00 | Teatro Sá da Bandeira | Classificação Etária M/16 | Duração 6h aprox. (com refeição incluída) | Preço: 5€ (preço único)
Sinopse:
0. Frio
Revisitamos hoje, Junho de 2024, o nosso Museu Vivo. Ao longo dos últimos 13 anos (a investigação para este espectáculo começou em 2011), muita coisa aconteceu. Na verdade, e como sabemos, as coisas não deixam de acontecer em permanência, e a isso se chama história (escrevo aqui com h pequeno; faz-me sentido). Não é por isso que o arrepio de medo e de frio e de ânimo e de expectativa é menor quando estamos prestes a abrir a porta a 6 horas desta viagem.
O frio está cá. Ele vem da vontade de querer fazer isto convosco.
1. Reconstituição
Esta é talvez a décima folha de sala que escrevo para este espectáculo, e em todas me parece importante explicar como tudo isto começou: Este projecto parte de uma investigação sobre memórias, narrativas, construções e imagens de 88 anos da história de Portugal, a partir da instauração da ditadura militar (1926) que iria dar origem ao Estado Novo (1933), e prolongando-se até às comemorações dos 40 anos do 25 e Abril de 1974, em 2014. Depois disso, continuámos sempre a pesquisar e a tomar notas no nosso caderno, e a recolher mais e mais histórias pessoais.
2. As pequenas memórias
Porque não sou historiadora e este não é um projecto de história; porque procurei encontrar vozes cuja história não estava acessível no espaço público nem nas narrativas que estão fixadas nos manuais de história (com H grande, dizem); porque procurei escavar e desenterrar a minha própria relação pessoal, familiar e geracional com tudo isto; porque, quando estreámos, estávamos no meio de uma crise financeira que nos diziam por vezes sem precedentes e outras vezes com antecedentes e estava difícil de perceber como tínhamos chegado até ali e quando é que as coisas tinham começado a correr tão mal – por estas razões e outras, a expressão “memórias pequenas” está no título do espectáculo. Gosto de pensar que não “dei voz aos que não têm voz”, porque acredito que todos têm voz, várias vozes, até. Prefiro o verbo amplificar.
3. 6 horas
É mais ou menos isso. Menciono a duração porque ela é importante e define uma boa parte do que este espectáculo é ou tenta ser: um mergulho. Não encontrámos forma de o tornar mais curto; pelo contrário, foi-se tornando mais longo (denso?) desde a sua estreia em 2014, com adendas, notas de rodapé, histórias improváveis, um fragmento sobre a emigração portuguesa para França que nos foi proposto pelo Thêatre de la Ville e o São Luiz Teatro Municipal - e essas tais coisas todas que não deixam de acontecer, mesmo que nós as queiramos fixar num texto teatral e repetir sempre as mesmas palavras, as mesmas linhas de texto, como se só tivessem acontecido aquelas e não outras depois disso. A vida, simplesmente, não é assim. Não pára. Aos acontecimentos sucedem-se outros acontecimentos e outras (novas) formas de os entender.
4. É preciso referir
Nestes últimos dez anos, também, o próprio teatro português e a sua relação com a memória, com a história, com o documental, com os arquivos, com as histórias de vida, foi-se desenvolvendo e florescendo com uma pungência que o ano de 2014 – o das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril – não deixava adivinhar. Embora mais timidamente, isto tem sido acompanhado pelo próprio Estado e pelas suas políticas da memória – essa coisa sobre a qual nada sabíamos até há uns anos.
Uma das boas notícias deste 50o aniversário do 25 de Abril é a inauguração do nosso primeiro museu nacional dedicado à memória: o Museu Nacional Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche.
*
Um museu vivo de memórias pequenas e esquecidas tem navegado momentos políticos vários da história presente do país ao longo destes últimos 10 anos, sempre na mesma convicção de que a memória – essa coisa frágil que nos constitui – deve ser fixada, preservada, transmitida, questionada, também – e amplificada (já o disse mais acima). Memória aqui escrita no singular com m pequeno que é na verdade grande (M), e que pretende significar o seu plural: Memórias. Não há duas iguais, e não se conseguirá falar de todas. Estas são as que foram fixadas neste trabalho que é uma homenagem a isso mesmo: às experiências reais e memoráveis de um conjunto de pessoas que generosamente as partilhou comigo - convosco.
Joana Craveiro (escrito na ortografia antiga)
O Teatro do Vestido agradece a todos os que tornaram possível este trabalho, desde as pessoas que nos ofereceram o seu testemunho, aos historiadores que nos apoiaram, aos nosso co-produtores e instituições amigas, e às nossas famílias. Agradecemos, por isso, a Armando Valente, Afonso Tuna, Alice Samara, Augusta Franga, José Baptista de Matos, Carlos Nery, Conceição Vilela, Centro de Documentação 25 de Abril, DuplaCena, Emily Orley, Fernando Nunes da Silva, Fernando Rosas, Irene Pimentel, João Heitor, João Pinto, João Tuna, Joaquina e Lurdes, Jorge Rato, José Filipe Costa, José Rabaça, José Ribeiro e Lúcia, José Vala, Josh Abrams, Júlio Dias, Luís Trindade, Liberdade Provisória, Manuel do Nascimento, Manuel Loff, Maria Gil, Maria José, Maria Teresa Craveiro, Marie, Marta Furtado, Miguel Cardina, Natércia Coimbra, Paula Godinho, Peter Robinson, Phil Mailer, Rosalina Carmona, Rui Bebiano, Salomé Cardoso, Sérgio Marques, Susanne Greenhalgh, Teatro O Bando, Teatro Viriato, Teresa C. Reis, Victor Hugo Pontes.
As imagens dos murais desaparecidos, da Av. 24 de Julho, em Lisboa, foram gentilmente cedidas por João Pinto.
Um agradecimento especial à família Araújo (Luís, Salete, Laura, Rute, Francisco).
Investigação, texto, direcção e interpretação Joana Craveiro Colaboração criativa e assistência Rosinda Costa (na versão de 2014-16) e Tânia Guerreiro Figurinos Ainhoa Vidal Desenho de luz, adaptação técnica, operação João Cachulo Montagens Cristóvão Cunha Operação de som Igor de Brito Montagens e assistência vídeo João Pedro Leitão Operação de vídeo Henrique Antunes Direcção de produção Alaíde Costa Apoio Estêvão Antunes, Francisco Madureira Apoio técnico FXRoadlights Digressão com o apoio Abril é Agora
Co-produção Teatro do Vestido, Negócio / ZDB, São Luíz Teatro Municipal Apoios Citemor - Festival de Montemor-o- Velho, Alkantara Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas estreou-se em 2014, no contexto da Tese de Doutoramento de Joana Craveiro. A realização da tese contou com o apoio de República Portuguesa – Ciência e Tecnologia, Fundação para a Ciência e Tecnologia, QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional, UE – Fundo Social Europeu.
O Teatro do Vestido tem o apoio de República Portuguesa | DGARTES, para o biénio 2023-2024
A programação do Teatro Sá da Bandeira tem o apoio: República Portuguesa - Cultura I DGARTES – Direção-Geral das Artes e da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses
Teatro Sá da Bandeira
Horário de Abertura ao público: 3ª a 6ª feira – 10:00 às 12:00 / 14:00 às 16:00
Nos espetáculos a realizar em horário de encerramento, a bilheteira abre 1 hora antes
Encerrado ao Sábado, Domingo, Segunda-feira e Feriados
Fora do horário de abertura ao público, a venda e reservas de bilhetes é possível através da plataforma online – BOL e nas lojas Worten, CTT e FNAC.
Contactos:
T. 243 309 460 | Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Uma criação memorial e monumental que atravessa 90 anos de História do país
Teatro | Dom, 23 jun | 16h00 | Teatro Sá da Bandeira | Classificação Etária M/16 | Duração 6h aprox. (com refeição incluída) | Preço: 5€ (preço único)
Sinopse:
0. Frio
Revisitamos hoje, Junho de 2024, o nosso Museu Vivo. Ao longo dos últimos 13 anos (a investigação para este espectáculo começou em 2011), muita coisa aconteceu. Na verdade, e como sabemos, as coisas não deixam de acontecer em permanência, e a isso se chama história (escrevo aqui com h pequeno; faz-me sentido). Não é por isso que o arrepio de medo e de frio e de ânimo e de expectativa é menor quando estamos prestes a abrir a porta a 6 horas desta viagem.
O frio está cá. Ele vem da vontade de querer fazer isto convosco.
1. Reconstituição
Esta é talvez a décima folha de sala que escrevo para este espectáculo, e em todas me parece importante explicar como tudo isto começou: Este projecto parte de uma investigação sobre memórias, narrativas, construções e imagens de 88 anos da história de Portugal, a partir da instauração da ditadura militar (1926) que iria dar origem ao Estado Novo (1933), e prolongando-se até às comemorações dos 40 anos do 25 e Abril de 1974, em 2014. Depois disso, continuámos sempre a pesquisar e a tomar notas no nosso caderno, e a recolher mais e mais histórias pessoais.
2. As pequenas memórias
Porque não sou historiadora e este não é um projecto de história; porque procurei encontrar vozes cuja história não estava acessível no espaço público nem nas narrativas que estão fixadas nos manuais de história (com H grande, dizem); porque procurei escavar e desenterrar a minha própria relação pessoal, familiar e geracional com tudo isto; porque, quando estreámos, estávamos no meio de uma crise financeira que nos diziam por vezes sem precedentes e outras vezes com antecedentes e estava difícil de perceber como tínhamos chegado até ali e quando é que as coisas tinham começado a correr tão mal – por estas razões e outras, a expressão “memórias pequenas” está no título do espectáculo. Gosto de pensar que não “dei voz aos que não têm voz”, porque acredito que todos têm voz, várias vozes, até. Prefiro o verbo amplificar.
3. 6 horas
É mais ou menos isso. Menciono a duração porque ela é importante e define uma boa parte do que este espectáculo é ou tenta ser: um mergulho. Não encontrámos forma de o tornar mais curto; pelo contrário, foi-se tornando mais longo (denso?) desde a sua estreia em 2014, com adendas, notas de rodapé, histórias improváveis, um fragmento sobre a emigração portuguesa para França que nos foi proposto pelo Thêatre de la Ville e o São Luiz Teatro Municipal - e essas tais coisas todas que não deixam de acontecer, mesmo que nós as queiramos fixar num texto teatral e repetir sempre as mesmas palavras, as mesmas linhas de texto, como se só tivessem acontecido aquelas e não outras depois disso. A vida, simplesmente, não é assim. Não pára. Aos acontecimentos sucedem-se outros acontecimentos e outras (novas) formas de os entender.
4. É preciso referir
Nestes últimos dez anos, também, o próprio teatro português e a sua relação com a memória, com a história, com o documental, com os arquivos, com as histórias de vida, foi-se desenvolvendo e florescendo com uma pungência que o ano de 2014 – o das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril – não deixava adivinhar. Embora mais timidamente, isto tem sido acompanhado pelo próprio Estado e pelas suas políticas da memória – essa coisa sobre a qual nada sabíamos até há uns anos.
Uma das boas notícias deste 50o aniversário do 25 de Abril é a inauguração do nosso primeiro museu nacional dedicado à memória: o Museu Nacional Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche.
*
Um museu vivo de memórias pequenas e esquecidas tem navegado momentos políticos vários da história presente do país ao longo destes últimos 10 anos, sempre na mesma convicção de que a memória – essa coisa frágil que nos constitui – deve ser fixada, preservada, transmitida, questionada, também – e amplificada (já o disse mais acima). Memória aqui escrita no singular com m pequeno que é na verdade grande (M), e que pretende significar o seu plural: Memórias. Não há duas iguais, e não se conseguirá falar de todas. Estas são as que foram fixadas neste trabalho que é uma homenagem a isso mesmo: às experiências reais e memoráveis de um conjunto de pessoas que generosamente as partilhou comigo - convosco.
Joana Craveiro (escrito na ortografia antiga)
O Teatro do Vestido agradece a todos os que tornaram possível este trabalho, desde as pessoas que nos ofereceram o seu testemunho, aos historiadores que nos apoiaram, aos nosso co-produtores e instituições amigas, e às nossas famílias. Agradecemos, por isso, a Armando Valente, Afonso Tuna, Alice Samara, Augusta Franga, José Baptista de Matos, Carlos Nery, Conceição Vilela, Centro de Documentação 25 de Abril, DuplaCena, Emily Orley, Fernando Nunes da Silva, Fernando Rosas, Irene Pimentel, João Heitor, João Pinto, João Tuna, Joaquina e Lurdes, Jorge Rato, José Filipe Costa, José Rabaça, José Ribeiro e Lúcia, José Vala, Josh Abrams, Júlio Dias, Luís Trindade, Liberdade Provisória, Manuel do Nascimento, Manuel Loff, Maria Gil, Maria José, Maria Teresa Craveiro, Marie, Marta Furtado, Miguel Cardina, Natércia Coimbra, Paula Godinho, Peter Robinson, Phil Mailer, Rosalina Carmona, Rui Bebiano, Salomé Cardoso, Sérgio Marques, Susanne Greenhalgh, Teatro O Bando, Teatro Viriato, Teresa C. Reis, Victor Hugo Pontes.
As imagens dos murais desaparecidos, da Av. 24 de Julho, em Lisboa, foram gentilmente cedidas por João Pinto.
Um agradecimento especial à família Araújo (Luís, Salete, Laura, Rute, Francisco).
Investigação, texto, direcção e interpretação Joana Craveiro Colaboração criativa e assistência Rosinda Costa (na versão de 2014-16) e Tânia Guerreiro Figurinos Ainhoa Vidal Desenho de luz, adaptação técnica, operação João Cachulo Montagens Cristóvão Cunha Operação de som Igor de Brito Montagens e assistência vídeo João Pedro Leitão Operação de vídeo Henrique Antunes Direcção de produção Alaíde Costa Apoio Estêvão Antunes, Francisco Madureira Apoio técnico FXRoadlights Digressão com o apoio Abril é Agora
Co-produção Teatro do Vestido, Negócio / ZDB, São Luíz Teatro Municipal Apoios Citemor - Festival de Montemor-o- Velho, Alkantara Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas estreou-se em 2014, no contexto da Tese de Doutoramento de Joana Craveiro. A realização da tese contou com o apoio de República Portuguesa – Ciência e Tecnologia, Fundação para a Ciência e Tecnologia, QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional, UE – Fundo Social Europeu.
O Teatro do Vestido tem o apoio de República Portuguesa | DGARTES, para o biénio 2023-2024
A programação do Teatro Sá da Bandeira tem o apoio: República Portuguesa - Cultura I DGARTES – Direção-Geral das Artes e da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses
Teatro Sá da Bandeira
Horário de Abertura ao público: 3ª a 6ª feira – 10:00 às 12:00 / 14:00 às 16:00
Nos espetáculos a realizar em horário de encerramento, a bilheteira abre 1 hora antes
Encerrado ao Sábado, Domingo, Segunda-feira e Feriados
Fora do horário de abertura ao público, a venda e reservas de bilhetes é possível através da plataforma online – BOL e nas lojas Worten, CTT e FNAC.
Contactos:
T. 243 309 460 | Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.